Urgia

URGIA: ação do que está prestes a acontecer. O
entre. Palavra que chega ao íntimo, que falada cria sua imagem de
urros, berros, gritos, rangidos, palavra desmedida, degustada, saída
da saliva.
Urgia na boca do estômago a fome, no fundo do fígado a dor.
Urgia em pálpebras, em colméias, em deslizes, urgia a voz.
O antes da urgência. A iminência de tal.
Urgia um grito de pâncreas da flor da juventude em formas de buscar
poesia com a palavra e o papel.
Isso era para ser uma peça em três atos, mas a escrita foi tomando
seus caminhos indecentes pelas páginas descobertas, e com audácia
aventurou-se em escrever recortes de uma vida embrionária que
com fôlego corre para nascer.
E a pergunta que você está se fazendo desde o momento em que
começou a ler esta contracapa –“Este livro é de quê?” Pergunta que
não será respondida pelo autor neste espaço. Pergunta que pode
levar a outras questões no ato de descobrir as páginas que estão
aqui dentro. Resposta não dada não por um descaso ou por um não
saber, mas na proposta de uma liberdade de leitura sem imposições
de enquadramentos literários.